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terça-feira, 19 de maio de 2009

CAIXA DE ENTRADA




Vida



SOLETRANDO
Soletrando: Caixa de entrada
José Hamílton da Costa Brito
Terça-feira - 14/04/2009 - 03h01

José Hamílton da Costa Brito é integrante do Grupo Experimental da Academia Araçatubense de Letras Araçatuba -

Antes Ricardo não tivesse acionado a sua entrada de e-mails.
Estava lá, silencioso e tenebroso:
From Mariana to Ricardo:
"Olha, sem mágoas e rancores, venho te dizer que preciso de um tempo para colocar meus sentimentos em ordem. Não há nada de errado com você.
Você é o que é e sempre será assim; eu, no entanto, preciso mudar.
Eu não sei qual a razão, mas ultimamente sinto a necessidade de me sentir amada, nunca foi tão forte desta maneira, e você, infelizmente, não percebeu. Também, uma relação de tantos anos.
Me recordo da primeira coisa que ouvi quando nos conhecemos: 'O amor é como uma fogueirinha, para permanecer acesa é preciso que, todos os dias, seja colocado um gravetinho'.
Onde estão os gravetinhos que você me prometeu?
Há algum tempo venho amadurecendo esta decisão e chegou a hora do adeus".
Na verdade, Ricardo já desconfiava e estava esperando o desfecho do caso. Os beijos já não eram os mesmos, o abraço não era tão apertado e, sobretudo, as palavras ditas não traduziam mais o sentimento que um dia os arrebatou. Apesar de estar esperando... bem, um adeus sempre é um adeus.
Palavras... tantas coisas lindas já foram transmitidas com uma perfeita ordenação delas.
Vinícius, Maria Luzia Vilela, Gonçalves Dias, Neruda, Consolaro, Cidinha Baracat, Rita Lavoyer, Tito Damaso, Dr. Glen... enfim, cá e lá as proferiram com maestria.
Mas Ricardo pensou: "Não fosse o dom das palavras e não haveria este adeus".
O que fazer?
Lembrou-se da voz aguda de Bienvenido Granda cantando: "Que seas feliz, feliz, feliz".
Ainda de Nosotros: "Eu juro que te adoro e em nome deste amor e por teu bem, te digo adeus". Mas foi com "My way", ao som de Fausto Papetti, que, chorando, adormeceu.