Meu primeiro livro virtual
segunda-feira, 14 de março de 2011
Recordar é viver
Eu hoje sonhei com...
Retornar, rever e ficar tomado por uma gostosa emoção...Mesmo que a princípio doa um pouquinho.
Seja à velha igreja da infância ou ao distante Líbano; eu também já vivi um momento assim...Acho que todos o vivemos.
Um dia resolvi abraçar o sacerdócio. . Levado pelas mãos de um padre da cidade, eu e mais alguns meninos, fomos para o seminário diocesano de Lins.
Fiquei lá algum tempo e assisti às inúmeras transformações físicas que o imóvel foi sofrendo com o tempo. Lembro-me que ele era quadrado. Uma entrada que dava para um pátio onde não havia nada; à esquerda algumas salas de aulas e a capela. Na outra extensão, o refeitório e à direita, mais salas de aula, sanitários, uma mesa de pingue- pongue e o apartamento do padre que nos ministrava aulas de música e era o regente do coral de três ou quatro vozes que fazia sucesso nas cerimônias na catedral. No piso superior, dormitórios e o apartamento do padre responsável pela disciplina e professor de latim. O danado ficava a noite inteira matando gato, no bosque de eucaliptos que havia ao lado ou bem-te-vi, sentado nos braços da santa que mais tarde foi colocada em um jardim, feito naquele pátio vazio. Era estudar, praticar esportes e rezar. Sai do seminário. Mais tarde fui trabalhar na indústria farmacêutica, assumi uma supervisão de equipe e fui trabalhar em Lins.
-Ah! Vou visitar o velho seminário....Não era mais .
Entrei pela mesma portaria da minha infância. Adentrei ao jardim, já não tão bonito. A santinha ainda estava lá. Sei não, mas acho que ela piscou para mim. Revi tudo como se estivesse acontecendo naquele momento. Vi-me jogando futebol, saindo da capela ou entrando no refeitório, levando bronca por alguma peraltice, xingando o latim. Se já estava morto, o desgraçado...
“Vi”o Batistela, o Amantéa, o Ficoto, o Eusígnio, o Gomes, o Cláudio, que morreu sacerdote recentemente, também o padre Lino, o padre Kondó, o monsenhor Pazzeto, nosso reitor. O Joaquim, hoje meu cunhado.
Quando me dei conta, soluçava.
Percebi que alguém chegou atrás de mim...Ficou em silêncio por algum tempo. Nada disse.
Quando percebeu que estava mais calmo, colocou a mão no meu ombro e perguntou:
- As lágrimas são de tristeza ou felicidade?
Olhei, era um jovem padre.
- São de saudade. Aqui vivi um bom tempo da minha vida.
Ele me levou a ver...Melhor, rever tudo.
E fui embora, feliz da vida.
Membro do grupo experimental da academia araçatubense de letras.
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5 comentários:
QUE LINDO!CERTAS LEMBRANÇAS SE ETERNIZAM EM NOSSAS MENTES E CORAÇÕES.
ABRAÇÃO.
Menino, hoje já nem tanto, ainda bem que esse padre do seu tempo gostava de caçar gatinhos, bicho mesmo, embora nada apropriado pra um cristão.
Grande abraço
Afffff ! Que susto. Ainda bem que vc colocu : bicho mesmo.
Em um seminário tem só gatinhos. Eu era um deles.,
Que texto lindo...me emocionei.
Agora entendo sua ligação com a igreja e a compreendo e respeito, viu? Forte abraço e continue nos agraciando com seus textos tão singulares.
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