Não sei vocês
Mas eu, apaixonado pela música popular brasileira, muitas vezes fico mais impressionado com certas frases do que pelo conjunto da obra. Claro, gosto muito de my way, love is a manny splendored thing, a certain smile, unchained melody, a left my heart in San Francisco e outras.
Mas é em Limelight também conhecida como Luzes da Ribalta que Chaplin esnobou ao frasear: se o ideal que sempre nos acalentou. renascerá em outros corações.
Cartola em O mundo é um moinho diz:... o mundo é um moinho, vai triturar teus sonhos, tão mesquinho, vai reduzir as ilusões a pó” e termina com: quando notares estás à beira do abismo, abismo que cavaste com teus pés.
Assis Valente, que colocou fim à própria vida por achar que não era devidamente valorizado, em Boas Festas fraseou:...vê se você tem a felicidade pra você me dar” e não estando satisfeito colocou a linda: e assim felicidade eu pensei que fosse uma brincadeira de papel.
Eu tinha uma bronca do Sergio Bitencourt, sobretudo quando ele fazia tipo no programa do Flávio Cavalcanti, mas quedei-me ao seu talento quando deparei-me com a música Naquela mesa. Duas frases me impressionaram: e nos seus olhos era tanto brilho, que mais que seu filho, eu fiquei seu fã. A outra: se eu soubesse o quanto dói a vida, essa dor tão doída, não doía assim.
E não foi só em Naquela mesa que ele mostrou imenso talento, ainda tem Modinha. ... e nesse pouco ou quase nada, eu dizia o meu amor.. Lindo, tão lindo quanto: eu me perco nos teus passos e me encontro na canção.
Até Adelino Moreira, para muitos um compositor “menos” cotado, em Sinfonia da Mata colocou: sinfonia do riacho e da cascata, minha viola, completa a orquestração.
-Hein! Uai, eu gosto...Que coisa!
Já o amigo Aurélio Rosalino gosta de: é preciso a própria mágoa disfarçar assim, dissimulando a dor à sombra de um sorriso” na composição Se ela perguntar, de Jair Amorim.
O músico e professor Beltrão e a esposa Lúcia, até no gosto musical andam no mesmo passo. Indicaram: nos seus olhos fundos, guarda tanta dor” presente em Carolina, do Chico. Ainda: ai então, dar-te eu irei, um beijo puro na catedral do amor, do samba Jura, do grande Sinhô.
Festival da Record. A cantora Evinha defende uma composição de Paulinho Tapajós e Edmundo Souto, Cantiga pra Luciana e: Luciana, Luciana, sorriso de menina dos olhos de mar, Luciana, Luciana, abrace esta cantiga por onde passar “... minha filha chama-se Luciana.
Ah! Este seu olhar, de Tom Jobim: este seu olhar, quando encontra o meu, fala de umas coisas, que eu não posso acreditar. O danado estraçalha quando em Eu não existo sem você, diz: eu sei e você sabe, que a distância não existe, que todo grande amor, só é bem grande se for triste”
A estrada da música popular brasileira é bem sedimentada e nela, pontificam momentos de rara sensibilidade poética.
Como em Manhã de carnaval, de Luis Bonfá: das cordas do meu violão, que só teu amor procurou, vem uma voz, falar dos beijos perdidos, nos lábios teus. Que me perdoem os intérpretes brasileiros, mas a música nas vozes de Carla, Susan e Carmem Monegal, essa, brasileira e santista, da orquestra de André Rieu, é incomparável.
Para finalizar, aquela que dentre todas as frases é a que me traz forte emoção.
Só poderia ser do Chico. Chico que é Buarque de Holanda. Gente Humilde: e eu que não creio, peço a Deus por minha gente.
Ai: alguma coisa acontece no meu coração”
Sabem de que é?
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