Meu primeiro livro virtual

quarta-feira, 22 de agosto de 2012

A PROFESSORA





Deus do céu, cada uma...
Marilda era uma pacata dona de casa após ter sido professora secundária; o marido ainda trabalhava gerenciando um banco ali perto da sua casa.
Três filhos, um já casado e que lhe dera dois netinhos e os outros dois ainda estudando: Marina fazendo o curso de direito e Fernando o vestibular para medicina,
A vida corria sem maiores atropelos haja vista que a renda do casal era mais que suficiente para as necessidades da família.
Mas parece que quando Deus provê de um lado o capeta faz um sangradouro do outro, acho que para dar vazão quando a felicidade é muito grande.
Ouvindo uma emissora de rádio da cidade percebeu que estavam dando a notícia da fuga da professora aposentada Marilda, que fugira da penitenciária local.
_ Tadinha, minha xará se fu... Mas que coisa, de tanto ouvir o Fernando usando esta expressão e de tanto dar uma dura nele, olha eu também.
De repente, irrompe pela sala o seu amigo Marinho e começa a puxar-lhe pelos braços em direção ao carro estacionado no meio fio, dizendo que a polícia já estava a caminho para prendê-la.
_ Tá doido, seu “coiso”, o que eu tenho a ver com isso? Por acaso eu estava presa em algum lugar?
-Nada disso, primeiro você abandona sua casa, se esconde e depois vamos buscar um advogado para acertar esta situação. A polícia não vai querer saber de conversa. Prende você e depois é uma burocracia dos diabos para provar que a Marilda que você é não é a Marilda que procuram.
Quando ela se deu conta o carro voava a 120 por hora, igual na música do Roberto Carlos.
Mas ela estava inconformada, esbravejando e esperneando dentro do carro. Marinho não quis saber da conversa da amiga e a levou para a clínica de massoterapia e estética facial do seu amigo Baltazar.
Mas ali era uma rua de bom tráfego, via de acesso ao centro da cidade e de vez em quando um carro da polícia passava zuando... Até que um parou.
Baltazar imediatamente colocou Marilda na maca, encheu-lhe a cara com uma mistura gelatinosa para recuperação de rugas impossibilitando a identificação da sua paciente.
Imediatamente suspendeu-lhe a saia e fez umas marcas na coxa direita como se fosse iniciar algum procedimento.
_Mama mia, não é que a coroa ainda tem umas pernas fenomenais.
Entraram dois investigadores, fizeram perguntas e quiseram ver quem estava sendo atendida no momento. Entraram, fizeram mais perguntas e dirigiram-se até Marilda. Perguntaram o seu nome. Ela resmungou algo, eles não entenderam e foram embora,
Do início da fuga até aquele momento, quatro horas já haviam passado. Estava querendo escurecer, hora dos seus filhos e do marido chegarem em casa e ela ali fugindo da polícia.
_Onde está ó advogado? Cadê o diabo do advogado?
Pulou da maca, arrancou tudo o que lhe haviam colocado no rosto e na perna e foi direto para a porta para ir para a casa. Baltazar tentou segurá-la, mas foi em vão, ela estava possessa.
Como o vou-não vai se estendeu para o meio da rua e aos gritos, um carro da polícia parou, desceram quatro brutamontes e sem a devida identificação  deram-lhe voz de prisão.
Sob a mira de revolveres, levantou os braços como mandaram, mas continuou gritando os seus direitos:
_ Vocês têm mandado de prisão...
_ Cala a boca, sua vadia.
-Vadia é a puta da sua mãe. Mostra um mandado de prisão com o meu nome, seu corno.
Um clímax perigoso foi atingido. A polícia sem mandado de prisão e sem ter feito uma investigação preliminar para esclarecer que aquela Marilda não era a fugitiva que procuravam.
Marilda não suportou a situação. Abaixou os braços, deu as costas aos policiais e começou a correr rumo à sua casa.
 Está numa sala de cirurgia com o seu futuro nas mãos de Deus.
A polícia agora sabe que aquela Marilda é a professora aposentada, esposa do gerente de banco logo ali esquina, mãe de três filhos e dois netos.


Membro do grupo experimental da Academia Araçatubense de letras e da ciadosblogueiros.blogspot.com









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