
E AGORA...
Era uma manha bonita; havia chovido um pouco, o que tornava fresco o dia e a pequena viagem mais agradável.
Mariana ia visitar os pais do seu marido, nada que ultrapassasse meia hora de viagem.
Mais na frente, um sinal de curva fechada.Diminuiu a marcha, esta com pleno controle da situação...ou pensou que estivesse.
O choque foi violento ; antes de perder a consciência, lembra-se perfeitanmente que não pediu nada parasi.Quando o primeiro socorro chegou,ainda encontrou -a balbuciando:
-Senhor, leve-me mas poupe o meu filho.
Segundo relatos de várias testemunhas, na maca em direção ao hospital, era o que repetia baixinho.
-Senhora, como está ? alguma dor, desconforto?
-Onde estou?
-A senhora sofreu um acidente, esteve em estado de coma por quatro dias mas agora o seu estado é estável. Deus foi misericordioso contigo.
_Doutor, o meu filho estava comigo no carro. Como ele está?
O médico se afastou e deu lugar ao marido de Mariana.Ele se aproximou, tomou as mãos da esposa, ficou olhando e nada disse...nem precisava.
Ela não gritou, não entrou em desespero, comportou-se com estoicismo.
O tempo foi embora , muitas coisas levou, só não levou a imensa tristeza que, aos poucos, acabava com Mariana.
Deixou-se definhar. O marido tentou de todas as formas ajudá-la, procurou especialistas...nada adiantou.
-Senhora, não sei em que situação estou aqui, se como padre ou como amigo. Não acredito que a morte do seu filho seja a única causa deste seu estado de abandono, do seu estado de aflição que a todos atinge, sobretudo, ao seu marido.
-A senhora sabe que a única certeza que temos na vida é que um dia morreremos; os pais não deveriam enterrar os seus filhos; aceito que é contra a natureza esse fato mas acontece todos os dias.
-Então o senhor acha que é a morte do meu filho que me consome? Posso garantir que não, senhor padre ou meu amigo.
-Eu pedi tanto ao meu Pai que poupasse o meu filho, que me levasse em seu lugar.Pedi com todas as forças da minha alma e com a sincerida que só uma mãe pode ter.
--Meu Pai não escutou ou se escutou, não quis atender-me.
-O que está me matando aos poucos, o que me aterroriza é que eu perdi a minha fé. Se nosso destino é retornar ao Pai e eu nao acredito mais nisso, onde encontrarei meu filho um dia?
_Padre, se não tenho mais fé em Deus, onde está o meu filho agora?
José Hamilton Brito, membro do grupo experimental da academia araçatubense de letras.
3 comentários:
Olá, José Hamilton. Imagino que você não me conheça, mas sou uma jornalista araçatubense que hoje mora em Ribeirão Preto.
Acabei encontrando seu blog ao acaso e adorei.
Muito gostosa a sua forma de escrever. Parabéns pelo talento.
Grande beijo
Lucélia Zani (http://lucelia.zani.zip.net)
Obrigado Lucélia. Felicidade para vc e família. Sugiro que veja o blog blogdoconsa.blogspot.com, meu amigo e secretario da cultura aqui do município e todos os que estão citados no blog dele. Só dá fera.
Inclusive sugiro que prestigie a cia.dos blogueiros, que reune blogueiros da região. Ficará a par de tudo o que acontece em todos os níveis de interesse.
O homem está com tudo!!!!
Parabéns
Você merece o sucesso, José Amigo.
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