Meu primeiro livro virtual
terça-feira, 23 de outubro de 2012
Opa, que bom!
Não que não haja mérito, uma vez que em matéria de arte, o ruim é inexistente. Existe a que você não gosta. Não há juízo absoluto, definitivo e sim relativo quando se analisa arte.
Ipso facto, hoje em dia Christian e Ralf, Matogrosso e Matias, Chitãozinho e Xororó, Sergio Reis, Roberto Carlos, a turma do sertanejo universitário são conhecidos de qualquer um, por menos que ouça música.
Poucos sabem, por exemplo, da existência de um Rachmaninov, grande compositor de peças para teclado posto ter sido grande virtuoso no instrumento; ou ainda Holst, que se interessou pelo folclore do seu país; Elgar, responsável pela valorização da música erudita britânica e outros ainda menos conhecidos.
Sem falar nos badalados Verdi, Schubert, Chopin, Mozart, Bach, Debussy e mesmo no nosso Villa-Lobos, que soube compor obras de raro talento e beleza.
Villa-Lobos não é o compositor apenas das Bachianas Brasileiras. Possui vasta obra para musica orquestral, música de câmara, para coral, piano e violão. Por incrível que pareça a sua obra é mais conhecida e executada no exterior do que aqui na sua terra.
Não mudou muita coisa se atentarmos para o século 19, época em que a música erudita não despertava muito o interesse das pessoas. Ouvia-se muito os italianos.
Já tínhamos um Alberto Nepomuceno, Brasílio Itiberê de Carvalho, hoje só conhecidos dos estudiosos da música clássica e por mais ninguém. Salvou-se, pelo sucesso que fez na Europa, o compositor Carlos Gomes.
Muitos conhecem Radamés Gnatalli, Francisco Mignone, Guerra Peixe, Camargo Guarnieri, pois a mídia, sobretudo a televisiva, por eles se interessou e os seus nomes chegaram ao grande público.
Opa, que bom!
Bom por quê?
Tivemos no final de semana a visita da Osesp Itinerante, projeto da Orquestra Sinfônica de São Paulo, que percorre o interior levando a música erudita à população que não tem a oportunidade de frequentar, por exemplo, uma Sala São Paulo, onde a música toma uma dimensão de grandiosidade e beleza que emociona e muito.
Sei porque estive na comemoração dos 2000 anos de São Paulo – do santo, claro – e a pompa e a circunstância do momento, com a presença do governador, do prefeito, do cardeal Primaz do Brasil foi algo inenarrável.
O projeto é inovador e visa democratizar o acesso do grande público à música erudita.
Assim, na quinta feira, tivemos o quinteto de sopros. Não houve lotação completa. Digamos dois terços da sala.
Já na sexta feira, houve maior frequência. Mas no sábado a fila lembrou aquela do filme Marcelino, Pão e Vinho. Ia lá pro fim do mundo.
Parece, no entanto, que todo mundo se acomodou. As crianças e os mais jovens, atendendo ao apelo dos organizadores, deram os seus lugares para os mais idosos e os corredores ficaram abarrotados com a galerinha sentada no chão.
E ainda ficou gente em pé. E o mais bonito, até o final do espetáculo. E mais bonito ainda é que havia uma juventude na sala, aplaudindo calorosamente após cada apresentação.
Eu, particularmente, gostei mãos do quinteto de sopros, pois um dos músicos estabeleceu uma empatia com a plateia e ia explicando cada música, cada instrumento usado... até as palmas ele coordenou.
Com a aceitação do público, acredita-se que o projeto será mantido e até ampliado.
E fica provado: o público sabe o que é bom. É só trazer arte que ele saberá separar o joio do trigo e, sobretudo, o jovem poderá a vir gostar de Debussy, de Verdi, dos nossos compositores clássicos da mesma forma que gosta dos sei-la-das-quantas que puliulam por aí.
Hamilton Brito, membro do grupo experimental da academia araçatubense de letras-ciadosblogueiros.blogspot.com
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