Meu primeiro livro virtual

quarta-feira, 3 de outubro de 2012

TUGÚRIO



                                       

Na verdade, não chega a ser um tugúrio.
Existem muitos pelo mundo; o meu,  apesar da simplicidade não equivale a um.
Mas, seja como for, não existe lugar onde uma pessoa possa sentir-semais segura.
Agora mesmo, 04h50 e eu  aqui no computador com vontade de produzir um texto e sem saber exatamente sobre o que falar.
Perto daqui  ouço alguém dar um grito esquisito, angustiado e fico prestando atenção.
Nada mais se ouve. Volta o silêncio da madrugada. Ainda bem que por aqui ninguém aproveitou o silencio para roubar o meu violão seresteiro e nem foi embora levando a minha inspiração.
De repente sinto uma segurança que há muito não sentia. Ouço uma música com a Orquestra de Henry Mancini, um coral bem regido... Paz.
Não sinto a ansiedade se manifestando ante um momento de alerta provocado por um grito mais ao longe de casa, pressupondo um perigo em potencial.
O mundo é um lugar perigoso quando a pessoa é ansiosa e eu tento não ser, pois este estado reduz a qualidade de vida.
Quando ouço  alguém dizer que não vai a determinado lugar porque é perigoso, pode haver um assalto, uma bala perdida e se priva de sair com os amigos, deixando bons momentos sem serem vividos fico até com pena.
São “clientes” para a ansiedade generalizada, para a fobia social, um mal que atinge boa parcela da sociedade.
Ah! Agora escuto   When you tell me that you Love me  ainda com o Mancini...
Atenção, com o Mancini e não com o Mazzini apesar deste ser um grande músico aqui mesmo da terrinha.
Continuando com o tema segurança, ansiedade, li que todos têm e que ela é útil como mecanismo de defesa mas , quando se torna exagerada torna-se um problema de saúde.
O que poderia ser apenas um ligeiro arrepiar dos cabelinhos , um sinal de alerta, passa a ser algo maximizado para uma secura na boca, um suor frio, uma vertigem e sensação de pânico.
Não permita que esta fase se instale em você, tente combatê-la com racionalidade e bom senso. Não é para deixar de esquentar a cabeça mas, simplesmente, não deixar que ela surta. Hoje existe
medicamentos e especialistas para atenuar a doença mas, melhor é não atingir este estágio. Melhor do que ingerir doses generosas do ácido Gama-aminobutírico  é fazer como o André Rezek
que se delicia com os Pinot Grigio Delle Venezze e Domene de Solitude da vida.
Onde você estiver faça como se estivesse no seu tugúrio pois ele é um recôndito que só você conhece e jamais poderá ser atingido.
Sêneca disse :” A alma é mais forte que qualquer tipo de sorte”.
Não acredito muito em destino, sobretudo naquele que dizem já vir  traçado para as pessoas mas,  se existe mesmo, podemos moldar o nosso espírito para vencer as dificuldades da vida, fazer com
que a boa sorte sorria para nós.
Nenhuma má sorte vai atingir você se a sua mente estiver sempre confiante.
Ficar atento às influências negativas, escolher bem os lugares que possa frequentar , saber como proceder com responsabilidade são
as providências que uma pessoa deva tomar para diminuir a probabilidade de um acontecimento nefasto...Mas deixar de viver,  mergulhada em eterno medo, em constante e exagerada ansiedade é, como se diz no popular, marcar bobeira...Ou ainda,
ter morrido e esquecido de deitar.
A irmã lua foi embora. Ainda deu uns beijinhos no seu eterno namorado que apareceu radiante, jogando os seus raios luminosos pelo mundo.
Com ele, o romantismo da noite se foi como foram também os perigos existentes na sua calada. O dia é menos romântico mas  é  mais prático e seguro  pela maior clareza que propicia às nossas decisões.
Assim decida: se tiver que ser, que seja.
Vou sair do meu tugúrio para a vida. 
Eu sai e me dei bem.

Hamilton Brito, membro do grupo experimental da academia araçatubense de letras-ciadosblogueiros.blogspot.com





2 comentários:

Elaine Crespo disse...

Oi Hamilton!

Texto maravilhoso. Pena que eu já estou a muitos anos contaminada por este medo. E é verdade deixo de sair , de viver e de deixar viver meus filhos. Psiquiatra não funciona! è um amigo bem pago! Ansiosidade excessiva é meu mal.

Bem uma boa noite e que o sol venha depressa me fazer feliz.

Belo post, mas você é professor neste assunto.

Beijos

Elaine Crespo

Marcelo Pirajá Sguassábia disse...

Um texto pleno de reflexões e valiosos conselhos, sem escorregar na auto-ajuda. Muito bom, Hamilton. Grande abraço.