Meu primeiro livro virtual

sábado, 29 de maio de 2010

Tardes de músicas agradáveis!

Reunião de amigos dá nisso uma boa cantoria!
Clique na foto para ampliar!

sexta-feira, 7 de maio de 2010

O velho e o barco






Em baixo da figueira que ficava pouco acima da queda d’água, o velho barco estava preso à margem por uma cordinha, que mais cedo ou mais tarde seria rompida pelo tempo.
Acontecesse durante a noite e ficaria à deriva e sabe-se lá onde iria parar...mas era um velho barco, que se danasse.
-Ingrato, quantas vezes você me acordou de madrugada para irmos ao rio; quem adorava remar de manhãzinha para ver o sol nascer? . Lembra que eu, você e o barco formávamos uma trindade, que se não era santa, era uma verdadeira poesia: um velho, seu neto e um barco emoldurados pelos primeiros raios de sol da manhã.
Maurício, já engenheiro formado, veio passar férias no sítio que pertenceu ao avô e que agora era administrado por um tio; de posse de umas latinhas de cerveja, tinha se ajeitado perto do velho curral e estava ali a observar o rio da sua infância, enquanto o cine do tempo fazia passar cenas de sua vida.
-Puxa vida, vô , para que serve esse velho barco, ninguém mais está a usá-lo, se ele se romper de sua amarra, irá parar nas mãos de alguém que ainda possa dele usufruir.
-Filho, esse barco sou eu; você quer que eu me vá?
O jovem engenheiro acendeu um cigarro e riu.Lembrou-se da primeira vez que fisgou um belo barbado e não agüentava trazê-lo para o barco.Pediu ajuda do avô e esse disse não:
-Você o fisgou, o peixe é seu, arrume-se com ele.
Comeram-no ensopado, preparado pela avó; vencera a sua primeira batalha, dela se lembraria para sempre e seu velho avô era personagem importante no feito.
Outro personagem era o barco; algumas tábuas soltas, o número da licença já apagado mas a proa ainda apontando firme para frente, pronto para seguir, obediente aos remos ,se não tivessem ido com as águas da última cheia.
Alguém já disse que o silêncio é uma rua de janelas fechadas; ali naquela paz, o seu mundo e tudo o que amou um dia estava à mostra de maneira escancarada, sentia até o cheiro do fumo do cigarro de palha que o velho fumava.
Abriu outra cerveja; seus pensamentos fizeram com que esquecesse a latinha já aberta e o líquido esquentou....estava chorando.
-Vô, onde está aquele molinete e aquela vara amarela que o senhor comprou para mim?
-Uai, vai lá no celeiro, tira aqueles arreios para um lado, que ela deve estar ali em baixo do girau; inclusive, seu moleque, é preciso engraxar o molinete.
-Ah! Tá...
O avô, apesar de ter comprado para ele um molinete, gostava mesmo de pescar com as grandes e fortes varas de bambus.Não permitia que ninguém pescasse com elas:
-_Sabe filho, se outro usar, , tira a embocadura.
_ Vô, o que é embocadura?
-Embocadura é...olha lá, sua avó esta chamando.
_ Não quero ir agora, vamos ficar mais um pouco.
Não é que ele escutou mesmo a voz da avó chamando
e dando bronca :
-Leôncio, você coloca mau costume no Maurício, vou falar pra Ritinha não deixar mais ele vir aqui no sítio.
-Você agora é um doutor, meu neto; meu orgulho maior.Nunca permita que este sítio se perca e, sobretudo, cuide do velho barco. Ele é um elo muito forte entre nós dois. Eu, você, o rio e ele seremos eternos, pois somos um só.
Como já era noitinha, um vento mais frio vindo do lado sul, os últimos raios de sol se misturando com as águas calmas que iam, Maurício saiu do seu enlevo e caminhou em direção a casa.
No caminho, lindas flores silvestres; fez um pequeno e lindo buquê, contornou o velho poço artesiano, abriu a pequena grade e depositou o mimo entre duas sepulturas.


José Hamilton Brito, membrodo grupo experimental da academia araçatubnense de letras

sábado, 1 de maio de 2010

PENSANDO




Ah! estive pensando.


E se a gente se amasse?.


Deus! como seria bom.


Tudo...tudo seria melhor.


Bem melhor que sua vida


ou ainda, que minha vida.


Pensa, uma só canção.


Um mesmo, único tom.


Quão bela seria a serenata.


Eu, um eterno apaixonado.


Você, para o amor, inata.


Apenas eu e você.


Entre nós...só Deus.


Para que mais...


O mais belo dueto de amor.


As chuvas do verão


as folhas secas do outono


fazendo para nós


linda percussão.


Os dias, se alternando,


os momentos, se sucedendo.


O amor em um crescendo


como final de ato clássico.


Acertemos, desta dança, o compasso.


Façamos uma soirê só nossa.


E, num movimento troppo andante


te amarei, o quanto possa.




membro do grupo experimental da academia araçatubense de letras.