Meu primeiro livro virtual

segunda-feira, 23 de agosto de 2010

O supino?





O dia mais difícil da sua vida, foi o ontem.
Nele, veio ao mundo em um lar, família classe média , proprietária de terras, gente boa e trabalhadora.
Perto da casa, um rio, uma cachoeira pequena, um remanso onde havia uma bacia natural na qual as mulheres lavavam as roupas.
A vida corria, como se diz: legal.
Um dia, ainda recente na memória apesar do tempo, o menino ficou em pé na porta da cozinha, com as pernas e braços abertos. O cachorro da casa, não tendo por onde passar, passou por entre as suas pernas e o levou junto lá pra baixo..., a casa ficava mais elevada, para evitar os danos do rio, nas enchentes.
Um braço quebrado. Era tarde, quase por anoitecer. Seu tio, colocou-o nas costas e foi rumo à estação para pegar “ o noturno”; o trem já havia partido. Restou uma caminhada de mais de vinte quilômetros até a cidade, onde os cuidados médicos seriam tomados.
O tempo passou, o braço sarou e a vida mudou.
Já meninão, foi estudar para ser padre , por influência do meio no qual vivia e porque alguns amigos disseram que iam,.foi também.
Rezar, estudar, praticar esportes. Quando não era assim, era praticar esportes, estudar e rezar. Vocês sabem o que é o supino? Pois é: ele sabe.
Nos retiros espirituais, por ocasião da semana de carnaval, incomunicabilidade por três dias consecutivos. Formava-se grupo de três seminaristas que caminhavam pelas dependências do seminário, sob observação dos padres e a única coisa permitida era rezar o rosário. Havia um puxador e os outros ficavam com os ora pro nóbis.
Ave Maria, cheia de graça: “cacete, você me deu uma paulada naquele lance”, o senhor é convosco” ah! Você que é frouxo”, bendita sois vós: “ frouxo é sua mãe”.
E assim oravam, conversavam e acho que Nossa Senhora ria lá de cima...corja!
Havia um padre que gostava de vinho.No ofertório, o coroinha colocava três gotas no cálice.O padre ficava esperando, olhando com cara de bravo. O menino colocava mais um pouquinho...nada.O padre ali, olhando feio.O jeito era derramar.Um dia, na sacristia, o padre disse:
-Olha, “firio” io non vô ti excomungá. Vô te quebrar a cara, desgraciato.O vinho é seu?
Deus dispôs e o menino saiu do seminário; aliás, Ele não dispôs. Na verdade, pôs um rabo de saia no caminho do já adolescente, em uma das últimas férias. Viram, contaram para o pároco da cidade e a igreja perdeu, quem sabe, um bispo ou até
mais. Mas o que aprendeu, serviu para a vida. Ficou sabendo a respeito de uma língua, que já era morta; o que deu de trabalho a desgraçada. Foi ali que ficou sabendo do supino, do dativo, do ablativo e outras figuras..
Uma vez, tomando o café da manhã na companhia do bispo, estava descascando a laranja com garfo e faca. A maldita escapou, correu pela mesa, bateu no bule de café, caiu tudo na roupa do santo homem.Foi excomungado.Virou Corintiano
Ad aeternum.Por sinal, aeternum está no acusativo, regido pela preposição ad.
Bem, no seminário a matemática não era lá muito estudada.Padre, já que não aprende a somar, também não multiplica. A divisão que pregam não necessita de cálculos. Só restou ao ex-seminarista, o clássico. Depois fez um curso de letras e por fim, de direito.
Do ontem até hoje...se não caiu do céu, também não teve que cavucar muito. Se houve alguma dificuldade, foi ontem e ele, já era.
O que tinha que fazer na vida, já fez.
Agora, prest’ençao nos filhos e netos...só observando.
Ah! Sim. E o supino?
Dá mais tempo de explicar, não.Perguntem pro Consa, pro Tito, pra Cidinha....

sexta-feira, 13 de agosto de 2010

VOCÊ É O ESCRITOR


Correspondência recebida do amigo Galeno Amorim,em 13 de agosto de 2010.
Afffff!!!




JoséHamilton Brito,

foi muito legal o final que você escreveu para o meu livro O Menino Que Sonhava de Olhos Abertos. Este é o primeiro passo para que tudo de bom aconteça pra valer e a gente, então, possa viver numa cidade cada vez melhor – que, afinal, cada um de nós ajudou a construir, seja pensando, pesquisando, escrevendo, falando ou fazendo.

Assim, agora somos coautores do livro. Afinal, eu comecei a obra (e escrevi os primeiros dez capítulos) e você terminou, escrevendo o último capítulo com o final que pensou e escreveu. O resultado você pode conferir no site do Projeto Você é o Escritor (www.voceeoescritor.org.br), da Fundação Palavra Mágica.

Você vai encontrar lá uma edição personalizada do livro, com o seu nome e o meu, que somos os autores da obra. E uma coisa muito legal que o pessoal da Fundação Palavra Mágica preparou: você tanto pode acessar e ler o livro que a gente fez, juntos, no site, mas também pode baixar pela internet e imprimir em qualquer impressora.

Foi muito bom ter você como parceiro e coautor desse livro que, no mínimo, nos convida a pensar e agir por um futuro melhor.

Abração do

Galeno Amorim

Senhores e Senhoras

Aqui fala o comandante deste vôo, que ora decola rumo às eleições; façam um bom percurso e que Deus nos ajude.
É comum ouvir de pessoas de “fina stampa” que eleição é isso e aquilo, que o voto não deveria ser obrigatório, que nas eleições as pessoas deveriam ir para um retiro, que não há renovação de políticos e o resultado é a repetição de velhos vícios.
Quem entra para uma disputa eleitoral, acusa o opositor de fazer política com as “ mãos sujas”; bastou ganhar uma eleição e está lá: não há sabão suficiente.
O cenário não muda, os atores não mudam e o que é pior, permanecemos presos às nossas ultrapassadas convicções: não votar é ruim e outras.
Em verdade, digo: não votar com consciência é pior.
Outro dia li uma manchete: “ a esquerda somos nós”; e eu pensando que esse negócio de direita, centro e esquerda, hoje, fosse coisa de mão de trânsito. Nada disso, sem essas baboseiras, como um político-raposa vai filosofar.
“ Falando assim, até parece que o PSDB está à esquerda do PT”,
“ Mas nós estamos à esquerda mesmo”, “ o PT não é esquerda. Já foi”
Parece coisa do Heráclito.
-Uai, esse eu não conheço, candidato a quê?
-Não é candidato, é um filósofo maluco que dizia que o que é, não é. O que não é, é. O que...sei lá mais o quê. Ou seja, para ele tudo se origina na oposição dos contrários.
Quando a Rita Lavoyer deu essa aula de filosofia no Grupo Experimental, pensei: “ Tadinha, ficou igual”.
Quando um governante é pego com a mão na botija, diz que cometeu equívocos. Quando é o adversário,ai sim, é safado, corrupto.
E o Congresso, as comissões parlamentares de inquérito, como diz famosa música: “ tudo acabado e nada mais...”
Chegou a um ponto a encrenca, que uma política aqui da vizinhança disse: “ hoy, resulta que es lo mismo ser derecho que traidor”
Eis a confirmação do que disse aquele maluco: é mas não parece. Parece mas não é. Deus!.
Então, o que se presume, é que deve haver por parte das pessoas de boa vontade, preocupação para que desenvolvam esforços no sentido de convencer a sociedade a se mobilizar para acabar com a ideia que eleição é porcaria, que todos os políticos são corruptos e que nada mais vale a pena. Somos frutos da política vinte e quatro horas por dia. Ao dar uma descarga, haverá injunções de ordem política no fato.
Na eleição, vá para um retiro, não vote e você verá aumentar o número de crianças na rua, o número de desabrigados, maior delinqüência, maior lotação dos presídios, mensalidades escolares mais caras, menos salas de aulas...e o culpado é você. Sem tirar nem por.
Há quem diga que: “ político de carreira é aquele que faz de cada solução, um problema”
Não sei se é verdade ou não. Para que não corramos o risco, vejamos se entre os nomes a serem sufragados na eleição vindoura, existe algum que não se encaixe nesse perfil.
Parece que as coisas estão melhorando. Enquete da Folha da Região mostra que 47.16% acompanham a vida política.Somemos os 36.93% que procuram se informar e teremos um quadro animador.
É bem verdade que os retiros ficarão vazios mas uma oração estará sendo rezada na postura consciente de um eleitor exercendo a sua cidadania.
Talvez seja por onde começar a ter consciência no ato de votar.


Hamilton Brito, membrodo grupo experimental, da academia araçatubense de letras.

domingo, 8 de agosto de 2010

A LÁGRIMA

Uma lágrima é uma lágrima e nada mais. Um pouco de h2O, impregnada de elementos químicos..Nas aulas de anatomia, sua vida é contada, suas qualidades enaltecidas.
Mas é em outro contexto que a lágrima ou o que ela reflete ocupa um espaço, uma maior exploração: o poético. Poesia em toda parte e de todas as formas e se não a citam nominalmente, sugerem-na.
“ E só agora, a partir de agora, posso lhe dar meu colo, tardio de mãe, minha voz solitária, e essa lágrima quente enterrada há mais de um século no aperto inexplicável desse coração de cor vermelho” na poesia “menino de couro” de Hila Godinho. Lágrima citada e sugerida; quase sempre mostrando um coração em frangalhos.
Lágrima de alegria, não dá poesia.
Talvez porque, segundo Rubem Alves “ os olhos dos poetas são sempre olhos que se despedem”
São vertidas por saudade, por existir uma distância, por falta de encanto, por um lugar vazio, um leito frio, por medo de perder, de sofrer e até, de ser.
Elas ocupam sempre um lugar que ficou vazio em nossas vidas. Lágrima e solidão combinam mais que arroz com feijão.
Ah! Foste embora. Deixaste esta vida e foste para o além, onde um dia nos encontraremos, frente aos anjos e arcanjos...Deus do céu!
Lágrima de alegria incontida...alguém conhece algum poema famoso que fale de alegria incontida? Frente aos que falam de miséria, de desgraça, não pagam nem placê.
Lágrima de amor...existe? Tá certo, existe pela falta dele.
Há quem diga que lágrima não faz mal, que lubrifica os olhos e coisa e lousa. Olho lubrificado, alma enferrujada;
Não dá outra. Se for para escolher, eu escolho os colírios.
Às vezes a gente chora por um bom motivo:: lágrima por um justo orgulho. Ver um filho se formando, um neto nascendo e outros mais...mas não, poesia não dá; faltam boas rimas para esse tipo.
Quando, dentro da gente, mora um sentimento bonito, alegria, a poesia, se feita, não faz sucesso...parece praga, sio!.
A não ser em velório, onde se chora acompanhado de outras pessoas, sempre quando a lágrima aparece você está sozinho. “ Na solidão sozinha, eu acordei...” o que tem de poesia começando mais ou menos assim.
Lágrimas de esperança...serão lágrimas doces ou amargas?
O que é esperança? Esperar o que se deseja, mas ainda não tem? Expectativa? Ter fé em conseguir?
Sabe, esse papo de lágrima, já deu o que tinha que dar.

Hamilton Brito, membro do grupo experimental da academia araçatubense de letras.