Meu primeiro livro virtual

segunda-feira, 30 de novembro de 2009

E AGORA?



E AGORA...


Era uma manha bonita; havia chovido um pouco, o que tornava fresco o dia e a pequena viagem mais agradável.

Mariana ia visitar os pais do seu marido, nada que ultrapassasse meia hora de viagem.

Mais na frente, um sinal de curva fechada.Diminuiu a marcha, esta com pleno controle da situação...ou pensou que estivesse.

O choque foi violento ; antes de perder a consciência, lembra-se perfeitanmente que não pediu nada parasi.Quando o primeiro socorro chegou,ainda encontrou -a balbuciando:

-Senhor, leve-me mas poupe o meu filho.

Segundo relatos de várias testemunhas, na maca em direção ao hospital, era o que repetia baixinho.

-Senhora, como está ? alguma dor, desconforto?

-Onde estou?

-A senhora sofreu um acidente, esteve em estado de coma por quatro dias mas agora o seu estado é estável. Deus foi misericordioso contigo.

_Doutor, o meu filho estava comigo no carro. Como ele está?

O médico se afastou e deu lugar ao marido de Mariana.Ele se aproximou, tomou as mãos da esposa, ficou olhando e nada disse...nem precisava.

Ela não gritou, não entrou em desespero, comportou-se com estoicismo.

O tempo foi embora , muitas coisas levou, só não levou a imensa tristeza que, aos poucos, acabava com Mariana.

Deixou-se definhar. O marido tentou de todas as formas ajudá-la, procurou especialistas...nada adiantou.

-Senhora, não sei em que situação estou aqui, se como padre ou como amigo. Não acredito que a morte do seu filho seja a única causa deste seu estado de abandono, do seu estado de aflição que a todos atinge, sobretudo, ao seu marido.

-A senhora sabe que a única certeza que temos na vida é que um dia morreremos; os pais não deveriam enterrar os seus filhos; aceito que é contra a natureza esse fato mas acontece todos os dias.

-Então o senhor acha que é a morte do meu filho que me consome? Posso garantir que não, senhor padre ou meu amigo.

-Eu pedi tanto ao meu Pai que poupasse o meu filho, que me levasse em seu lugar.Pedi com todas as forças da minha alma e com a sincerida que só uma mãe pode ter.

--Meu Pai não escutou ou se escutou, não quis atender-me.

-O que está me matando aos poucos, o que me aterroriza é que eu perdi a minha fé. Se nosso destino é retornar ao Pai e eu nao acredito mais nisso, onde encontrarei meu filho um dia?

_Padre, se não tenho mais fé em Deus, onde está o meu filho agora?


José Hamilton Brito, membro do grupo experimental da academia araçatubense de letras.






quinta-feira, 26 de novembro de 2009


EU NAO VIM MORAR AQUI. EU SOU DAQUI.MAS VOCÊ, QUE VEIO, SEJA BEM-VINDO. EU, ENTÃO, NÃO TROUXE COMIGO MALAS E SONHOS; EU OS ELABOREI AQUI MESMO. MINHA RELAÇÃO COM A CIDADE É DE AMOR, MESMO QUANDO MEU CARRO CAI EM UM BURACO NO ASFALTO; NUNCA DIGO: CIDADE DESGRAÇADA. DIGO, PREF...DEIXA PRA LÁ QUE O HOMEM É AMIGO DO MEU AMIGO.QUANDO VOLTO DE UMA VIAGEM DEMORADA, SOBRETUDO NAS MADRUGADAS, ME EMOCIONO AO ADENTRAR-ME PELA AVENIDA BRASÍLIA, PASSAR PELO BOLA SETE...É BOM SABER QUE ESTOU EM CASA. AQUI ME SINTO EM PAZ, ME SINTO SEGURO.CHEGAR DE MANHÃZINHA E IR COMER UM PASTEL NA FEIRA. O QUE? BREGA? ...EU ACHO CHIQUE. SE EU FOR ASSALTADO, SERÁ POR UM ASSALTANTE AQUI DA CASA. CLARO QUE AQUI TEMOS AS NOSSAS MAZELAS : iIR A UM SARAU E ESCUTAR O HEITOR GOMES - O POETA DAS MULTIDÕES - RECITAR A SAGRADA BOCHECHA OU A MÃE NA ZONA. OS LIMITES QUE A CIDADE IMPÕE, NÃO ME FAZEM FRAQUEJAR; QUANDO PRESSINTO QUE PODE ACONTECER, ME VISTO DE GLADIADOR E ENCARO.PROCURO SEMPRE FORTALECER AS MINHAS RAÍZES COM AS PESSOAS QUE AMO...COM QUEM EU TOLERO, TAMBÉM.MINHA ALMA VOA ALÉM DOS PROBLEMAS QUE A CIDADEPOSSA TER E PERCORRE SEM TRAUMAS E TEMORES A NATUREZA, MESMO QUANDO A POEM FERIDA POR UMA FONTE , POR EXEMPLO....LUMINOSA? COMO AQUELA DA PRAÇA CENTRAL DA CIDADE.ARAÇATUBA, EIS AS RAZÕES PELAS QUAIS EU TE AMO: AQUI MANTENHO A ESPERANÇA E A FÉ. AQUI SINTO QUE PERCORRO CAMINHOS SUAVES. ASSIM, DIGO A VOCÊ QUE CHEGOU; FIQUE E VEJA AS BELEZAS QUE HÁ POR ESTAS MARGENS DO RIO TIETÊ.NOSSOS FILHOS ESTÃO CRESCENDO.NOVOS SONHOS ESTÃO SURGINDO E HÁ MUITO POR FAZER. SAIBAM; O FUTURO E O PRESENTE ANDAM JUNTOS POR AQUI, S/AP NOVOS TEMPOS E HÁ URGÊNCIA...TANTA FÉ NUNCA SE VIU. HÁ UM MUNDO DE RIQUEZAS E DE BELEZAS E, É SIM, É POSSIVEL SER FELIZ NESTAS MARGENS DO GRANDE RIO.ESTE, OUTRORA DOS BANDEIRANTES, AGORA É NOSSO. ELES EMPURRARAM AS NOSSAS FRONTEIRAS, TRAZER MAIS DESENVOLVIMENTO E PROGRESSO É, DORAVANTE, COM A GENTE.

quinta-feira, 12 de novembro de 2009

ISTO É PURA SORTE!

ISSO É PURA SORTE





Sai caminhando...

Onde ir, nem pensei.

Como ir?...caminhando.

Fui.

Como diz um palmeirense:

fui fondo.

Vocês sabem, palmeirense

é...é erudito.

Não mais que, de repente,

uma curva sinuosa.

Placa: curva perigosa.

Assim, aquele riozinho

não vi e

sua corredeira, também não.

Aquele ipê florido...nada.

Estava tal qual corinthiano

perdido no brasileirão.

é chamam essa inhaca

...de timão.

Mas, do lado da estradinha

quase perto da fonte

Vi o teu carro parado

...quebrado.

Tentei ajudar.

Parafuso, apertei.

Carburador, regulei.

A bobina, limpei.

Teu olhar em mim

notei.

Radiador , conferi.

Teu interesse, senti.

Encher o estepe, não deu.

Ah!teu sorriso...prometeu.

Esta estrada, que não era

da vida

minha vida, devolveu.

Veja que sorte:

Sai como palmereisense.

Caminhei como corintiano.

Como sampaulino

...voltei.



José Hamilton Brito, membro do grupo experimental da academia araçatubense de letras.