Meu primeiro livro virtual

quarta-feira, 19 de outubro de 2011

Ponto e vírgula




Folha da Região 19/10/2011
Caderno Vida Soletrando





O facebook e o blog são ferramentas; às vezes elas escapam das mãos e causam estrago. E como são pesadas, se atingem os pés ou a cabeça, dói pra dedéu.
Foi o que aconteceu...
Cristina, enfermeira padrão de um grande hospital de uma cidade do sul do país, casada, mãe de dois filhos adolescentes , por um destes desígnos da vida entrou no blog de Riberto, advogado aposentado, divorciado , residente em Manaus. Como se vê, uma no Arroio Chui e o outro longe dali. Comentário vai, comentário vem e descobriu-se uma afinidade: o amor pela literatura, sobretudo pela poesia.
Um dia uma proposta: quer duetar uma poesia minha, pergunta ela.
Ele aceitou.
Por email uma foi enviada, poesia de amor; havia algo mais “ escrito” nas entrelinhas. Há sempre em todas as poesias de amor, algo mais escrito entre elas. Riberto entrou no espírito da coisa , caprichou nas rimas e a cadência foi tanta que atingiu em cheio o coração de Cristina.
Correspondência vinda carrega de paixão e voltando com sobrecarga.
Coisas como : estou faminta de troca, de identificação com um homem que queira e se disponha a ler o meu coração ou ainda : tenho o amor que encontra no sexo uma de suas mais belas e concretas formas de expressão – a paixão.
O que começou com simples comentários no blog atingiu a ambos de forma avassaladora; sem ao menos saberem como eram fisicamente, uma paixão veio como um tsunami. Precisavam consumá-la ; entregarem-se era preciso.
Ela propôs encontrarem-se; ele titubeou...ela percebeu.
Mas como ele poderia aceitar sem pensar bem nas conseqüências? Ele, divorciado e só, nada teria a perder; poderia ganhar um coração cheio de amargura para carregar pela vida a fora. Ela, no entanto, se percebessem que não poderiam mais viver separados, teria a coragem necessária para dar às costas ao marido e aos filhos adolescentes, foi-lhe perguntado...foi a vez dela titubear.
Titubeou mas ficou magoada; não queria ouvir aquela pergunta. Ninguém gosta de perguntas para as quais não tem resposta.
Estabeleceu-se o conflito; as dúvidas que antes eram sufocadas pela alta temperatura erótica dos emails e msn com frases carregadas de palavras fortes , às vezes até chulas mas que davam a real imagem da orgia virtual que os dois aprontavam se sobrepuseram a tudo.
-Riberto, eu preciso fazer algo para mim mesma. Eu não posso mais protelar porque ser feliz e cuidar de mim mesma é algo urgente. Ao cuidar do meu coração estou também de alguma forma cuidando das pessoas a quem amo e que me amam. A minha hora chegou e é agora. Isso, no entanto, não significa que estou disposta a magoar,a ferir o homem que dedicou toda a sua vida a mim. Temos uma relação muito prazerosa, ele me valoriza demais e me cerca de amor....confia na relação sólida e bonita que a gente teve e tem.
Riberto estava a ponto de correr ao encontro dela e que fosse lá o que Deus quisesse mas ante ao descrito por ela, um fato se agigantava: ela queria muito mas balançava entre dois sentimentos fortes: a gratidão ao marido e o amor por ele...e que talvez nem amor fosse e sim uma desgraça de uma paixão sem tamanho.
Homem vivido, sabia que a fogueira da paixão tem poucos gravetos.
-Cristina, loucura eu não vou fazer. Não vou ser o artífice ,não vou ser a causa da sua desgraça. Precisamos dar um tempo para nós dois.
-Riberto, o que não posso fazer é me machucar, ir do céu ao inferno tão rapidamente. Não é justo. Obrigada por colocar-me frente à realidade e realmente não existe espaço para amar sem querer estar juntos e ficarmos juntos, pelo menos por enquanto...
-Cristina, talvez seja melhor, mesmo que sofrendo, colocar um ponto final na nossa história.
-Façamos assim Riberto, Por enquanto nada de ponto final...coloquemos um ponto e vírgula


Hamilton Brito, membro do grupo experimental da academia araçatubense de letras, ciados blogueiros.blogspot.com, site aracatubaeregiao.com. e nova academia virtual poética do Brasil.

domingo, 9 de outubro de 2011








O professor Pedro pediu-nos um texto para o encerramento do curso de crônicas; tema livre. Pensei:

- O cara sabe complicar. Dá logo um tema. Vou falar...vou falar sobre...

Olho na parede e lá está projetado PAUSA, PAUSA, PAUSA....

Verdade, estamos todos vivendo uma pausa nesta vida. Um intervalo no qual o que menos fazemos é preparar as coisas para a próxima etapa.

Poxa vida, preciso desenvolver o tema livre que o coiso pediu.

Quanta insensatez, quanto desamor , quanta fala de responsabilidade que....

Ah! Meu Deus, como esta mulherada fala. Como concentrar para escrever. Olha só a voz de gralha no ninho da Elaine Alencar. Depois vem a psicóloga, defensora dos índios e demais excluídos . Senhor, levai-as todas para o seu reino.

-Fiiiiilho, pensa bem, se atendo o seu pedido, como é que você e os seus irmão em Cristo vão fazer? Pensa bem, seu bu....filho.

-Tá Pai, verdade...deixa as minhas irmãs em Cristo por aqui mesmo mas por Cristo, que falem mais baixoooooooo....

Como estava dizendo, melhor escrevendo, esta vida nos foi dada para que nos façamos merecedores do céu através das boas ações , pelo amor ao próximo...

-Como amar o próximo quando ele esta próximo, falando como doida : Pai, dá uma olhada, melhor ,escutada na Marianice. Pensa que está sozinha aqui na sala. Amar o próximo de que jeito?

Bem continuando....

-Fala homem de neanderthal.

O cara quer um texto mas não me dá sossego para fazê-lo... Vai dar o curso em Lurdes, em Andradina, na China mas pô, dá um tempo.

Voltando na questão da pausa, aquele intervalo no qual deveríamos nos preparar para a vida eterna, acontece que poucos são os que....

-Quer saber de uma coisa, não vou escrever mais m...coisa nenhuma. Este povo não cansa de falar, um calor desgraçado e o café esperando na mesa, como disse o poeta.

-Pai, sabe de uma coisa, eita turminha boa esta do curso e que curso mais chique.Vou sentir falta desta cambada.

Fui.


Última tarefa pedida como encerramento do curso de crônica

terça-feira, 4 de outubro de 2011

DESTINO

 

“ Aos pés da santa Cruz, você se ajoelhou e em nome de Jesus, um grande amor você jurou...”

A história se repete e vai se repetir para sempre, porque como já disse o poeta “ o ideal que sempre nos acalentou, renascerá em outros corações “

Pedros se apaixonarão por Marias, Marias se apaixonarão por Pedros...até que surja uma Joana para Pedro ou um Ricardo para Maria.

E então...

Raramente, acho, uma união se dá por um interesse menor, como por exemplo, a pura intenção de aumentar um patrimônio ou ainda com o objetivo de obter um visto de permanência.

Duas pessoas se encontram na vida e vão se descobrindo aos poucos até perceberem que não é só por belo par de olhos verdes ou azuis ou de pernas, ou ainda por causa de um colo espetacular ou um físico maronbado tipo Banderas.

Isso tudo ainda não é tudo. Existe como elemento aglutinador um quê que a gente não sabe o que é mas que é fundamental para que Pedro se apaixone por Maria e vice versa.

Assim envolvidos em enlevo, juram fidelidade eterna. Vinicius, o poetinha, completou sem medo de errar: eterna enquanto dure.

Mas aglutinar, segundo o mestre Aurélio, também pode significar justapor, por ao lado...e é ai que tudo acontece.

Se acontece de bom ou de ruim, mera questão de ponto de vista.

Pedro casou-se com Maria e tudo corria bem até que surgiu Joana.

Na justaposição , quem sobrou foi Maria...

Culpar a quem?

Deus?

Pedro?

Joana?

Maria?

Mas não tenham pena de Maria. Ela tomou o destino dos braços de Ricardo. No caso, o destino não acabou em desatino.

 

Trabalho para as aulaCópia de mão na cabeça de estruração  de textos ministrado pela professora Marilurdes Campezzi