Meu primeiro livro virtual

quinta-feira, 10 de janeiro de 2013

bom ano novo



    Folha da Regiao - Caderno Vida  -  Soletrando -   09/01/13




 Bom ano novo, mas responda.

        Hamilton de Brito


“E quando o inverno passar, viveremos uma intensa primavera ..."
Uma frase simples, não sei quem a pronunciou, tanto que a coloquei entre aspas.
O que ela revela?
Otimismo.
Dizem que o otimismo propicia o surgimento de enzimas que potencializam qualquer terapia medicamentosa e abreviam  a cura de doenças. Lembra da Bíblia: a tua fé te curará. Ou ainda: a fé remove montanhas.
Para o pessimista o mundo é um lugar inseguro, cheio de esquinas escuras, habitado só por corintianos.
Assistindo um filme, que por sinal recomendo por ser muito bonito, Hora  de partir, com Morgan Freemam e Jack Nicholson, em dado momento, estando ambos nas pirâmides do Egito, um disse ao outro:
-“Os antigos egípcios diziam que quando uma alma chegava ao paraíso, duas  perguntas eram feitas e dependendo da resposta , poderia nem entrar “.
  Eram :   Encontrou a alegria da sua vida?  Proporcionou alegria a alguém?                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                          Pelo sim ou pelo não,  como há muita sabedoria nelas, o melhor que se pode fazer e procurar respondê-las afirmativamente.
Muitos temores cruzam pelas nossas vidas e não podemos deixar que prosperem, tirando-nos a segurança que precisamos para ser felizes.
Se a sua felicidade pode estar dependendo de alguém, aceite-o (a)  com tranquilidade e totalidade. Faça como Hamlet em relação à Ofélia:  Duvida de que os astros sejam chamas, duvida de que o sol gira, duvida da própria verdade, mas não duvida que eu te amo”
Prosseguindo com Shakespeare, Hamlet mostra que não se deve fazer pouco do amor e que quem o faz, desperdiça a  vida.
E quem desperdiça a própria vida não vive em alegria e não a proporciona a outro.
Mas por que enfocar o amor como elemento para a busca da felicidade?
Porque a única forma de ser feliz é  proporcionar felicidade a outra pessoa...ou outras.
Outras, não quer dizer todas ao mesmo tempo, não estou sugerindo todas de uma vez e sim uma após outra. Caso contrário, vira...Deixa pra lá.
Está no dicionário: Amor:  sentimento que faz alguém querer o bem de outrem ou de alguma coisa.
Já que lutar é preciso,  que seja feita com coragem e determinação E a melhor maneira é cultivar bons valores de vida.
Aí sim você proporcionará alegria a outro e faça-o  porque o destino do nosso espírito vai corresponder a tudo aquilo que nós praticamos  na vida, como já disse  Sócrates. O diabo do grego pensou em tudo ...
Estava escrevendo estas mal traçadas, quando recebi um email de um amigo de apurado gosto , o coronel Marcos de Bonis, com uma poesia de  Vicente de Carvalho e dela extraio as duas últimas estrofes:
Essa felicidade que supomos,
Árvore milagrosa que sonhamos,
Toda arreada de dourados pomos,

Existe, sim, mas nós não a alcançamos,
Por que está sempre apenas onde a pomos,
E nunca a pomos onde nós estamos.

.Meu sobrinho, o músico Marcelo Amorim  ressalta   a silabação poética em seus decassílabos sáficos e heroicos. Sem contar a maravilha dos trocadilhos com o substantivo e o verbo: "pomos".  Bom menino...
Uai, então é simples. É  colocá -la onde estamos.... Fácil, não é. Também ,  fosse, que graça teria?
Quer saber , a gente deveria ter em mente que já somos afortunados por estarmos vivos e mais ainda , com saúde e uma certa graninha para gastar.
É preciso pensar ainda que da morte ninguém escapa, assim, só resta um caminho: viver o melhor possível e de preferência dividindo os lençóis, cruzando os dedinhos dos pés. Dividiu, cruzou,  já está fazendo alguém feliz.
...E  as duas perguntas serão respondidas afirmativamente.
Lembre-se :  não respondendo  assim,  você poderá ser mandado  pra não sei onde e lá ter que dividir espaço com o Heitor Gomes, com o André  Bernardes, com a Elaine Alencar,  com Ventura Picasso, com o Consolaro ,com a Wanilda Borghi  com o José Roberto Teixeira  e posso garantir , sua vida vai ser mais infernal  ainda.

Membro do grupo experimental da Academia Araçatubense de Letras-ciadosblogueiros.blogspot.com

                                   Janela da vida -parte 1


   Pela janela do tempo, “garrei” a pensar em cada dia que foi ficando, que foi ” fondo” como dizem os jogadores e torcedores dos Corínthians. 
Tenho imagens perfeitas em minhas lembranças do noturno, o trem que passava já anoitecendo por engenheiro Taveira e que vinha lá do Mato Grosso, pelo ramal de Lussanvira. 
Ora com meu pai, ora com meus tios, carregando aquelas trouxas cheias de legumes, de carnes, de queijos que a fazenda da minha avó produzia... Deus, eu tinha um ódio daquelas trouxas. Coisa mais brega. Eu era um tonto e não sabia. 
Tivesse eu ainda hoje aquela fazenda para andar cheio de trouxas com as coisas produzidas nela. 
 Depois, já mais moço, no mesmo trem, a gente ia visitar meu tio Anísio de Brito, coletor em Pereira Barreto. O trem ia lotado de pescadores e voltava com os mesmos pescadores, todos carregados de peixes. Nas pedras da corredeira, ali por perto de Valparaíso, lindos dourados, gordos pacus ou barbados pescados e aguardando o trem passar para o retorno à cidade. 
Os vagões viravam um balcão de peixes. De Lussanvira até Pereira Barreto, uma jardineira que “andava” por obra e graça do Espírito Santo, cheia de peixes, galinhas, farofas e o diabo... Represaram o rio, acabaram com o ramal de Lussanvira, com as corredeiras, com os pacus, com os dourados e barbados e acabaram com os vestígios de uma época em que era muito mais fácil ver poesia em tudo. 
Meu amigo, Carlos Rodrigues, Peruzinho, radiotelegrafista da estrada antes de se aventurar pela propaganda médica, chora ao falar da poesia das pequenas estações. 
Como diria um francês : c’est La vie. 
Como diz o poeta Heitor Gomes, o Poeta das multidões: é uma merda. 
Quando o Baguaçu ficava cheio, os ingazeiros ficavam no meio do rio. Tudo madurinho. A correnteza forte obrigava-nos a pular na água bem acima da árvore e vínhamos na força dela para agarrar nos galhos e subir para comer os frutos. Quem conseguia se agarrar, bem; quem não conseguia descia mais de quilometro abaixo caso outra árvore não se lhe apresentasse no caminho. 
De repente, alguém gritava: _ Quem chegar na margem por último, é a mulher do padre. 
Um tchibum atrás do outro e a molecada nadando rápido para não chegar por último. 
Gostávamos de fazer guerra com mamona atiradas com estilingue. Para fazer um estilingue que prestasse, precisávamos de uma boa forquilha e uma boa forquilha só era fornecida por um arbusto chamado buceteira e.... 
-Hein! Que diabo de nome é este? Que pouca vergonha.!
 _Eu que tenho pouca vergonha ou a sua cabeça é que é imunda? Que faz associações inadmissíveis? 
-Fique sabendo que uma coisa não tem nada a ver com a outra. Buceteira é um arbusto. Boceta é uma caixa de rapé. O nome ora abominado não existe. A parte da anatomia feminina chama-se vagina. Assim, quem tem pouca vergonha, mente poluída e escassa cultura é você. 
Mas prosseguindo: um dia fomos pescar e uma cobra picou o Boró. Foi um Deus nos acuda. Põe torniquete aqui; não, põe ali. Colocamos o desditado amigo nas costas e o levamos para a Santa Casa. Deram uma injeção deste tamanho na barriga do coitado e ali terminaram nossas incursões noturnas no rio da integridade regional. 
 De repente, quase mesmo que de repente, a cerca de arame farpado que havia na rua bandeirantes, separando a horta do pai do Mário japonês, sumiu. Uma residência, ali na esquina da Rua Bandeirantes com a Oscar Rodrigues Alves, virou a padaria Bandeirantes. Na outra esquina, onde havia uma parreira onde a gente roubava uvas, virou padaria e hoje é farmácia. 
A loirinha que morava com o irmão, na esquina da Afonso Pena com a Bandeirantes, sumiu e tempo depois apareceu como dona de uma cadeira na academia araçatubense de letras. 
 Hoje, dos ecos do passado, ainda escuto a Suzue Furukawa, irmã da Lídia e do Tuneo,  em cima do muro chamando a irmã: -
Mariaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaa, mamãe tá chamandooooooooooooooooooooooo... 

 Membro do grupo experimental da academia Araçatubense de letras – ciadosblogueiros.blogspot.com.