Meu primeiro livro virtual

quarta-feira, 18 de julho de 2012








Era uma tarde de outono, folhas amarelas pelo chão e Bernardo caminhando naquele lugar. Os pingos da chuva, como não havia sol, eram apenas pingos de chuva e não pérolas pendentes dos galhos. Sentou ali na relva molhada, entre aqueles canteiros retangulares e leu um nome.
-Luizinho, cadê você moleque?
_O meu irmão não está, saiu para jogar bola lá no campo do Salesiano.
- Ah! Filho...Ficou de passar em casa, com a bicicleta e me deixou na mão. Agora tenho que correr, senão me deixam de fora.
Das peladas das ruas às pescarias de bagre lá no chiqueirão perto do rio, passaram a infância.Mariana, irmã do amigo, continuava envolvida com sua brincadeiras de meninota e nem ligava para o que o irmão e seus amigos faziam.
O tempo foi passando, os primeiros fios de barba aparecendo e Mariana já não mais com as suas brincadeiras de meninota. A lua e o sol se revezavam no céu mas a beleza de Mariana era crescente e constante.
-Moleque desgraçado, não respeita a irmã do melhor amigo?
Lembra-se perfeitamente. Um dia estava brincando de médico e paciente com ela. Estava fazendo um exame no corpo dela, quando o tapa na orelha veio sem avisar.
Levaria todas as surras do mundo dadas pelo pai dela mas a surra que a vida lhe dera, estava impossível de suportar.
No começo a aproximação foi difícil. Mariana o via como aquele moleque de outrora, eterno bebê Johnson, como o chamava e nenhuma esperança lhe dava.
Um dia, fazendo o clássico na mesma sala , arrumou uma encrenca com um colega que estava dando em cima de Mariana.
_ Você não é nada meu, seu chato. Não sou sua namorada.
-Ainda não, magrela.
Aí que ficava tudo danado. Quando a chamava de magrela, o que ela tinha na mão jogava. Um dia jogou o apagador da lousa. Três pontos na cabeça.
Ele foi fazer medicina na capital, ela direito...na capital.
Escolas próximas, as respectivas pensões não eram longe uma da outra e os encontros foram se tornando freqüentes. Como só tinham um ao outro da mesma cidade, amparavam-se nas horas de saudade de casa...depois perceberam que não era bem por isso.
-Eu amo você, Mariana.
-Bernardo, não consigo entender o porquê, mas eu amo você também...Você não presta, amor.
Embasados nas suas respectivas culturas específicas, estudavam-se à luz da medicina e do direito. Como não chegavam a uma conclusão...
-Vou avisar o seu pai que vamos casar.
-Está vendo como você não presta.Você não vai avisar, vai é pedir minha mão em casamento.
- Ta, eu peço a sua mão então. Já tenho o resto.
-Cachorro.
_Mariana, se for homem como vai se chamar nosso filho.
- Será mulher e vai se chamar Lorena.
Casaram-se...Adveio um câncer de colon. Não deu tempo de Lorena chegar.
-Papai, o que mamãe está fazendo aí?









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