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terça-feira, 7 de julho de 2009




Cidades

ARTIGO

Caro amigo leitor

Vera Lúcia Garcia Galdeano
Quinta-feira - 21/02/2008 - 03h01

Vera Lúcia Garcia Galdeano,

colaboradora desta Folha, é professora em Birigüi e escreve neste espaço às quintas-feiras

Quero utilizar-me deste artigo para falar com todos os meus leitores desta coluna e responder a todos os cumprimentos aos meus escritos. Sinto-me cada vez com mais responsabilidade em proferir meus pensamentos. Eles são balizados,

analisados e comentados, e isto é algo de muita alegria para mim, que tento pensar a vida de uma forma diferente, que é a de enfrentar os problemas sem muitos conflitos, pois os conflitos só agravam as situações e postergam as resoluções. Para isto, os estudos e as pesquisas ilustram nossa vida.

Lendo grandes romances, analisamos a vida e a história de outros para aplicar aqueles conhecimentos adquiridos em nossas vidas.Quando falo em grandes leituras, não falo de livros de auto-ajuda que prescrevem receitas tão não aplicáveis a nossa realidade. Cada um tem sua história e é sobre ela que tem que surgir a análise de nossas ações. Um grande livro para se começar sendo um bom leitor e ver que a grande felicidade está nas coisas mais corriqueiras e simples é “O Fio da Navalha”, de Somerset Maugham; “Os Ratos”, de Dyonélio Machado, tem o mesmo valor.A leitura flui e o prazer de cada folha lida se acresce às demais. Não seja um leitor ávido, seja um leitor ruminante, aquele que lê poucas páginas, mas as saboreia como se fossem um manjar dos deuses. Pensar no que lê, refletir até concluir o porquê das ações dos personagens. Em que a época contribuiu para que os fatos fossem daquela maneira e não de outra. O local interferindo nas ações, as personagens que causam ação e reação. Enfim, o conflito como se é dado, as razões e se for aberto o final para que você busque o melhor, o seu final. Seja como um advogado abnegado que não descansa até chegar à mais satisfatória verdade. Um livro conhecido por todos e por esta razão pode ser debatido com muitos amigos, é “Dom Casmurro”, de Machado de Assis. Será que Capitu traiu ou não traiu Bentinho? Será mesmo que todos os homens trazem dentro de si a saga de terem sido traídos um dia? Seria Bentinho o protótipo do homem traído, tão decantado e cantado nas músicas breganejas? Ou seriam as mulheres tão dissimuladas, capazes de levarem os homens àquele martírio vivido por Dom Casmurro, o Bentinho? Também “São Bernardo”, de Graciliano Ramos, que desperdiça toda a vida em busca de conservar a sua fazenda e deixar herdeiros para manter seu capital. Seus atos se tornam tão cruéis que ao se perguntar "se eu pudesse recomeçar... Para que me enganar seria do mesmo modo". Conclui que a profissão deixou-o um bruto.E assim, lendo, vamos aprendendo a analisar a vida. Esta é a grande razão da literatura romanceada. Diferencia-se da literatura científica que aponta soluções, caminhos exatos. Levanta hipóteses, apóia as pesquisas e desenvolve novas tecnologias. Mas voltemos aos meus leitores aqui representados, na figura de José Hamilton da Costa Brito, que por e-mail comentou meu artigo da semana anterior, intitulado “Amor”. Ele pergunta sobre meu cunhado, que teve a oportunidade de muito nos ajudar nos anos oitenta, quando passamos por terríveis problemas. Era assim mesmo como descreveu meu querido leitor, a pessoa de José Galdeano. Pronto a atender a todos, a nos ilustrar com seu conhecimento. Prefiro aqui transcrever o dito, intitulado "Uma Pergunta", pois acredito que assim o sentimento fica mais verdadeiro e as colocações ficam mais claras. “Senhora, lendo o teu artigo Amor (Folha da Região, 14/2, Cidades, B2) - em um dos parágrafos, a senhora fala da ação do abraço como fator de liberação da ocitocina... Revi um quadro várias vezes repetido na minha vida profissional, ou seja, vi um amigo, representante de laboratório farmacêutico chamado José Galdeano me explicando questões de anatomia, farmacologia e fisiologia, posto ser ele experiente e eu iniciante no ramo. Lendo o artigo e ligando os sobrenomes, achei que a senhora pode ter alguma laço de parentesco com o meu finado amigo... Tem? Tendo, meus parabéns, pois ele era um grande homem e um muito bom amigo.”Este é um grande leitor, foi capaz de se transformar em leitor sujeito. Foi capaz de unir a sua história de vida ao discutido no artigo. Ainda mais, capaz de traduzir-se em grande escritor, traduziu em poucas palavras todo grandioso sentimento e agradecimento por alguém que de uma forma tão singela ajudou-o a construir sua carreira profissional. Poucos são capazes de tal grandeza. Lembrem-se que, em nossa sociedade patriarcal, os homens, os chamados meninos homens, foram educados a não demonstrarem seus sentimentos. As mulheres, sim, podiam chorar e lamentar-se. Talvez seja por isto que elas se lamentam tanto, dos maridos, dos filhos, do trabalho e até mesmo de sua existência. Tenho visto muitas pessoas que ao final de suas vidas só contabilizam perdas. É como se fosse uma existência de perdas e mais perdas, incapazes de falar dos ganhos. Como aqueles agricultores que, se está chovendo, está estragando a plantação; se faz sol, é a seca a causadora dos estragos. É como nunca tivessem uma colheita ou uma safra com bons resultados.Que todos sejam tão estudiosos, tão sabedores e capazes de compartilhar seus conhecimentos com os amigos encontrados na história da vida como José Galdeano, e que todos sejam tão grandes e humildes para reconhecer os amigos como o José Hamilton da Costa Brito.

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