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terça-feira, 27 de setembro de 2011

Invadidos e invasores


Foto de Antônio Assis/fotoReporter?AE



A origem dos Araçatubenses está lá no genocídio cometido contra os índios que habitavam a região, quando os trilhos foram caminhando, qual serpente peçonhenta, pela mata. Os índios não foram convidados para integrarem-se ao grupo no chamado processo civilizatório com o qual se ocupava efetivamente o território.
Houve o choque natural das culturas, dos interesses e o menos dotado de recursos sucumbiu... Sucumbiu ou se submeteu ao trabalho escravo na própria ferrovia, o que dá na mesma. Onde não foi assim?
A diferença para outras histórias de conquista é que não chegaram por aqui em cavalos velozes, brandindo pesadas espadas e cortando cabeças à granel, sodomizando conquistados...Se bem que, sei lá!
Não havia a intenção do genocídio, mas ele aconteceu porque defenderem-se era preciso....assim como navegar, cortar árvores para os dormentes, abrir a selva para o cavalo de aço cavalgar, construir as moradias para os trabalhadores era também preciso.
E onde estas coisas eram feitas? Na terra dos índios....Mas as terras eram dos índios mesmo ou eles a estavam ocupando; infelizmente o direito de propriedade estava nas mãos dos invasores pelo direito de conquista.Onde não foi assim?
Somos civilizados? Ah! então sabemos que a lei faculta em muitos casos revisão dos processos e, se for o caso, dar à sentença um efeito retroativo. Cometemos crime...Devolvamos as terras aos índios ou aos seus descendentes e vamos todos morar nos... nos... Vamos coisa nenhuma, eu sou tataraneto de índios. Vão vocês.
Os americanos, com suas consciências pesadas, hoje torcem pelos índios nos filmes e vibram quando o general Custer leva aquela bala no peito; imortalizaram o tal de Touro Sentado e o Cavalo não sei das quantas.
Nosso maior crime: aqui os índios foram aniquilados fisicamente e nem na história permaneceram. Os poucos que ainda estão por aí não são tratados com o respeito devido. O crime continua. O que os Australianos ainda hoje fazem com os aborígines? Então...
Mas poderia ter sido de outro jeito? É o progresso. O homem não poderia viver eternamente na idade da pedra lascada, tanto que veio a polida e assim até a decodificação do genoma, da nanometria e outras descobertas.
Não tem jeito, para que alguém ganhe, alguém tem que perder.
Agora só nos resta ser dignos daqueles que fizeram a nossa história. Invasores e invadidos fizeram-na. Estão em nosso DNA e somos um pouquinho de cada um.
Eu tenho o maior orgulho...

Curso de crônicas – senac - trabalho em sala de aula.

2 comentários:

marthinha disse...

Eu também me orgulho desse povo, cujo espírito nobre, deixou para nós riquezas incontáveis para aqueles que sabem ver com os olhos da alma.
Parabéns e abração.

Cidadão Araçatuba disse...

Na verdade o processo civilizatório continua. Quando na Europa nos conhecem como "macaquinhos", ou que só sabemos sambar, jogara futebol e mostrar mulheres bonitas também estão querendo nos colonizar. Quando olhamos para dentro, nos assustamos com o que vimos, mas hoje, no mundo moderno, que tudo vê e tudo sabe, falta algo que de tão simples acabou sendo esquecido em algum ponto perdido lá atrás, na nossa história...
Humanidade. Esquecemos que somos parte dela, e nos julgamos melhores pelo que sabemos, ou pelo que representamos, ledo engano! Abração!