Começar de novo
Gonçalo não tinha tido uma primeira vez com Laurita, digna de ser recordada; pelo tratamento recebido no restaurante, havia deixado a moça na saudade, após uma noite na qual havia feito sexo e não amor. Mas quando a natureza quer e impõe, acaba-se por obedecê-la. Viajando ali por perto da sua cidade séde, encontra Laurita também vendedora, em um shopping.
Ela, magoada, faz que não o conhece. Gonçalo, agora já destituído do rancor antigo, a vê com outros olhos.Deseja-a e se propõe a conquistá-la.
_ Bom dia Laurita.
-Pois eu quero que você se dane.
-Vamos conversar, eu te explico e quem sabe, possamos ser felizes.
-Não, vá pros diabos.
-Eu já fui pros diabos, estive em um inferno depois daquele dia, não consegui te esquecer e agora quero reparar um erro ao qual, diga-se, você deu ensejo.
-Eu dei ensejo, ainda mais essa?
-Tudo começou com aquele “não é da sua conta”, você me magoou e eu revidei. Um a um, agora vamos conversar.
Não demorou e se acertaram. Ela não o havia esquecido, ainda sentia o mesmo calor daquela noite e nem foram ao jantar...vinhos, tampouco.
Um êxtase, ora divino, ora animal se alternando; envolveram-se de tal forma que se havia pecado naquilo, pagariam com suas almas eternas, neste instante livres para o amor enquanto os seus corpos se prendiam pelo desejo, que se alternava enquanto percorriam-se; não se pertencem mais, obedecem aos seus mais extremos instintos, nesse instante, algemas terrivelmente desejada por ambos.
Corpos cansados; aos poucos a respiração entra em cadência de descanso; o que acontece agora é o retorno do carinho através de um toque aqui, outro mais acolá, um beijo que ainda tem resquício de desejo.
É o amor se fazendo presente em substituição ao fazer. Agora os beijos são mais doces, há carinho e há ternura.
Um olhar e desta vez, promessas de começar de novo.
José Hamilton Brito, membro do grupo experimental da academia araçatubense de letras
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