Meu primeiro livro virtual

segunda-feira, 22 de agosto de 2011




Só um par, mais nada



Era uma casinha , um bangalô ; ficava do meio de um terreno bem arborizado, um vasto gramado verde enfeitado por canteiros bem arranjados de flores. Via-se um balanço, indício de que ali morava uma criança ou
alguém com a alma equivalente.
Os vizinhos morriam de inveja...diabo, como eles conseguem?
Nunca ninguém ouviu um grito, um falar alto que fosse. O casal era visto, estava sempre abraçado, sorrindo; acenavam pra todos, eram cordiais e hospitaleiros.
Não que fossem de receber com constância, mas quando o faziam, eram finos, elegantes, sóbrios. Érica e Hélio eram assim
Ele, com uma carreira já engatilhada de médico. Era cardiologista. Ela, uma assistente social das mais conceituadas e queridas.Ambos, reconhecidos pela competência e responsabilidade profissional...Eram muito meticulosos.
Um dia, coincidentemente, tiveram que, atendendo às suas responsabilidades profissionais, se ausentarem; ele, para um congresso médico na capital do Estado. Ela, para fazer a auditoria em uma das praças mais longínquas da sua sede.Ambos ficariam vários dias ausentes de casa e afastados um do outro.
-Qual de nós chegará primeiro?
-Bem, eu não sei, disse ela. No meu caso, depende dos pepinos que encontrar pela frente. Já o seu, tem dia marcado para terminar.
-Se o congresso terminar no dia programado, te telefono e se você não chegou, dou uma esticada até a casa da mamãe.
Assim acordados, foram e felizes.
No retorno, como os seus vôos, faziam conexão, terminaram a viagem juntos. Quinze dias haviam se passado.
Não se sabe o porquê, mas, dias depois, cada um tomou um rumo na vida.
No banheiro, havia um par de chinelos a mais.



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