Meu primeiro livro virtual

terça-feira, 2 de fevereiro de 2010

cadê você





Manoel da Silva, mas não era um da Silva assim como você está pensando; era daqueles levados da breca, tinha parte com “ o coiso”, segundo a tia Neneca.
Nasceu lá no mais fundo do sertão, perto de um rio de águas cristalinas e em uma casa que ficava perto de um pé de jatobá, que dava frutos saborosos....jatobá!
O parto foi complicado; segundo a parteira, o desg...o menino estava virado, por isso também diziam que ele era da pá virada. Coisa de parto forçado.
Mas ganhou de novo. Já tinha ganhado aquela corrida; aquela que a gente ganha quando nasce.
-Menino “ sacudido”,o meu sobrinho, dizia o tio Nico.
E foi crescendo, ficando cada vez mais “ sacudido”.. Era comum, o pai, da janela, ver o Menézinho passar correndo ,no cavalo em pêlo e muitas vezes, até sem o freio na boca do animal.
Perto da casa havia um açude que tinha um barranco mais alto e onde havia mais profundidade, então o menino vinha em desabalada carreira com o animal e se jogava dentro do açude...animal esbaforido de um lado e o Mané sorridente, do outro.
Certa vez foi pescar com uns amigos; lá pelas tantas fisga um peixe. Puxa daqui e dali e o peixe nada...enroscou, pensou o já adolescente. Mas continuou fazendo força até que aconteceu. O peixe escapou e veio em um vôo rasante até o joelho do coitado.Digo coitado porque era um mandi, de bom tamanho e ficou pendurado, balançando , parecendo rir.
Meu Deus, a dor foi tanta que...bem, não vou contar aqui.Pode escorrer por estas páginas e não fica bem.
Pescar, nunca mais. Virou jogador de futebol, becão de fazenda, mas sabia ser técnico, mostrar classe e assim fez nome.
Não demorou foi convidado pelo time da cidade ali perto e mais tarde pelo time da cidade mais longe e algum tempo depois:
-Pai, vo jogá numa tar de Oropa. Acho que se chama Orly a cidade pra onde eu vou. Pai, dizem que lá se come um tar de... cargô !? Não vou comer isso , onde já se viu. Mas pai, vou ganhar um tar de euro que vale um monte do nosso dinheiro. Logo mando uns para o senhor comprar uma fazendinha para nós, fazer uma linda casinha pra mãe.
E lá se foi o agora, Da Silvinha em busca da realização do seu sonho.
_ Que ficar famoso, que nada. Quero mais é ganhar uns trocos pra fazendinha do pai, pra casinha da mãe, para só depois pensar em mim.
Ganhou o que queria, comprou a fazenda e fez a casinha sonhada pela mãe.

-Tres bien, agora vou pensar em mim.
Trinta e dois minutos do segundo tempo de um jogo duríssimo contra um time Italiano...Da Silvinha cai no gramado.
Um problema na tricúspede, segundo disseram, provocava o fim de uma carreira.
_ Vai para o Brasil, lá eles dão um jeito...que diabo! uma tricúspedezinha muito da safada.
Não deram.Era um dos chamados casos raros, sem tratamento, sem cirurgia...sem conserto.
Quer ver o agora, de novo, Manoel da Silva chorar?
“ Tua ilusão entra em campo no estádio vazio...cadê você, cadê você, você passou...outros craques repetem as suas jogadas...no vídeo tape dos sonhos, a história gravou”
Nem a enzima do mandi o fez chorar tanto, como chora agora.

2 comentários:

Ventura disse...

Achoooooooooooooo!
Muito bom Zemirtus; das veis ocê inté acerta arguma coisinhinnnn, né? - não!

Unknown disse...

Oii Mirtin!!
Muito obrigada pelos comentários em meu blog, querido!
Eu adorei!!

Muito lindo seu texto!!
Meus parabéns!!! :-)

Adoraria que comentasse de nvo em meu blog, postei uma nota dessa vez, é menos polêmica, mas vale a visita! :-) rsrs...

Beijos e tudo de bom, meu anjo!! :-)