Meu primeiro livro virtual

domingo, 4 de outubro de 2009

EDILEUSA





Naquela manhã, Edileusa não acordou legal.
- Quibe desgraçado.
Era uma jovem desinibida, acostumada a ganhar no grito; palavreado remonta ao cais onde seu pai trabalha.
Cresceu no meio de homens e mulheres rudes; os de sua idade, eram um grande desafio para a sociologia
Caçula, cozinhava, lavava as cuecas e as calcinhas impregnadas dos fluidos dos irmãos e irmãs adolescentes.
Se mandava tudo à merda, desaforo e até alguns tapas do pai.
- Pô, depois vem o padre dizer que tudo acontece porque Deus quer... Quis levar minha mãe?! Mando esse padre...
A vida corria em sua rotina.
Namorado?
- Quem vai querer namorar uma merda de garota igual a mim, com uma família de ignorantes.
Foi jogar o lixo em um terreno baldio e viu. Devia ter uns cinco ou seis anos mais que ela; alto, cabelos loiros... e sarado.
- Deus, se tudo acontece porque o Senhor quer, manda este sujeito para cima de mim... encaro.
O carinha jogou o pacote dentro do terreno e Edileusa, o dela, em cima dele.
-Perdão, não tenho pontaria.
- Perdôo, mas presta atenção na próxima vez.
- Qual é o seu nome?
- Mariano.
- Mariano, vai pra puta que te pariu.
O que Deus jogou, Edileusa rebateu de primeira.
O Criador não desistiu. Uns três ou quatro dias depois, dançava na discoteca da Associação dos Amigos do Cais. Estava lá o Mariano.. sorriu para ela.
-Maldito, se me convida para dançar, vou mandá-lo para... o meio do salão e corro atrás.
Um sorriso, um vou te levar pra casa, um ta bom, u”a mão na mão, u”a mão naquilo, um aquilo na mão e a vida seguiu o seu santo curso.
Edileusa amou com paixão e assim foi amada. Gentilezas, expressões e gestos de carinho, nem pensar... e era o que recebia de Mariano.
- Hoje recebi o salário; comprei o jogo de cozinha para a nossa casa.
Assim foi pedida em casamento. Ela vinha se esquivando aos desejos dele aos seus próprios e tomou uma decisão.
- Amor, se você quiser dou o que você quer.
- Legal! Você comprou?
-Uai, que história é essa de comprou.
-O CD do Leonardo que eu quero?
-Escuta aqui, seu filho... que cacete de Cd...vai pro diabo.
O “beicinho” criou um clima de deixa disso, vem pra cá. Os zíperes se abriram, as casas dos botões ficaram vazias e o amor se deu. Nas preliminares parecia uma brisa suave. Logo depois, verdadeiro tornado.
Alternando brisas e tornados o tempo passou, a casa foi montada e chegou o grande dia... quer dizer, o dia do casamento. O grande dia havia acontecido há algum tempo.
E foram felizes.
- Amor, tá esquisito; uma azia, sei lá que diabo é isso...
-Ah! Não dá nada, não. Toma um trem qualquer para o estômago, que logo passa.
- A gente vai no pesque-pague?
-Claro. Se arruma logo; você na frente do espelho é uma desgraça. Vai logo tomar seu banho.
-Vai primeiro . Fico um pouco mais aqui na cama; terminando, me chama.
Mariano no banho, ia conversando com Edileusa, que respondia às suas perguntas.
-Amor, esqueci a toalha; dá uma , por favor.
-Edileusa, a toalha, amor.
- Cacete, vai me trazer a toalha ou não?
-Edileeeeeuuuusaaaa!!!!!!!!!!!
- Desgraçada, dormiu.
Sim, ela tinha dormido.
O sintoma que parecia ser um transtorno estomacal ou hepático... não era.
José Hamilton da Costa Brito é membro do grupo experimentl da Academia Araçatubense de Letras

Um comentário:

Rita Lavoyer disse...

Pensei mesmo que a mocinha estivesse grávida.