Meu primeiro livro virtual

sábado, 16 de janeiro de 2010

...e o capeta escutou


Marina e Jurema nasceram ali, na mesma cidade, na mesma rua, no mesmo número de casa. Marina no número 568 e Jurema no 568-fundos. Como isso aconteceu em um radiante dia 20 do mês de janeiro, eram aquarianas.
A escola onde foram à procura das primeiras letras ficava ali perto e, ora a mãe de uma, ora a da outra, levava as alegres e saltitantes meninas.
E assim foi; estudavam e faziam os deveres da escola, orientadas pela mãe que estivesse disponível.
Chegaranm ao curso superior e escolheram pedagogia. Sensíveis e inteligentes, o desenvolvimento intelectual se deu sem maiores problemas.
_Jurema, menina, nem que fôssemos irmãs Corsas ou siamesas, poderíamos estar mais ligadas.
-Pois eu, todos os dias, agradeço a Deus, por ter me dado você como " irmã".
Intuição: ato de ver, de perceber, percepção clara e imediata...foi o que teve Luiza, mãe de Jurema.
-Senhor meu pai, a história das nossas meninas é linda e perfeita demais.Tão perfeita que me dá medo. O senhor, que é Onisciente, sabe do perigo desses anjos se apaixonarem pelo mesmo homem. Não permita, Senhor.
O capeta escutou...pimba.
-Marina, você percebeu como o professor de sociologia é lindo? Nossa! o carinha é marombado e tem lindos olhos verdes sobre fundo moreno de um rosto simétrico.
-Cristo Rei, você percebeu mesmo, hein sua assanhada?
-Ah! você está de treta comigo, vai dizer que não viu aquela fofura flutuando ai pelos corredores?
-Eu hein...meu negócio é com a Maria Ferrero , com o Piaget e outros da mesma companhia, nunca limitada, pois sempre surge mais um para teorizar mais um pouco, pois tem poucas teses ainda.
-Legal, fica com o Piaget que eu vou pra cima do bonitão.
Dito e feito.Mulher foi mesmo Deus quem criou, quando cisma... nem que as pestanas caiam mas ela vai piscar até receber uma piscada de volta.
-Meu nome é Antônio, mais conhecido como Toninho, da sociologia.
_Toninho...ficaria melhor Tonhão. Se tudo em você é grande como a sua beleza...afff!
Paquera, namoro e casamento aconteceram em rápida sequência.
-Obrigado meu Pai, elas não se apaixonaram pelo mesmo homem.
Ledo, triste e terrível engano.
Marina amava o " cunhado "antes mesmo do casamento. Seu sofrimento não era visível para os outros...mas Jurema...
Ficou sabendo que o amor era correspondido, pois seu marido pronunciou, dormindo, o nome que não queria ouvir.
Vendo o sofrimento de ambos e não tendo coragem para sair de cena, entrou em depressão e essa a levou a terrível estado de saúde. Foi considerada em estado terminal.
Chamou a " irmã", deu-lhe a conhecer sua sapiência do que ocorria e não culpou ninguém. Fez-lhe estranho pedido.
-Sei que vou parecer egoísta e talvez seja isso mesmo. Não impeça que ele se vá após a minha morte. Como sempre te dei tudo, incondicionalmente, não quero dividir com você o homem a quem amo. Jure que o fará.
O que Marina poderia fazer...jurou.
Deu-se o sepultamento e Antônio, ali mesmo no cemitério despediu-se de todos e partiu; Marina, como havia jurado, não o impediu.
Olhando absorta pela janela, chovia ligeiramente, Marina vê um táxi parar em frente a sua casa. Toninho havia esquecido a passagem do avião.
_Bem, meu juramento foi de não impedi-lo de ir.
...quanto a voltar...
José HamiltonBrito , membro do grupo experimental da academia Araçatubense de Letras




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