
Aquela pescaria só poderia dar em desgraçeira.
Quando saimos rumo ao grande rio,o céu mostrava algumas núvens escuras lá longe, se chovesse, não iria cair onde iríamos pescar e pescador que se preza não liga para estas coisinhas.
Chegamos na fazenda, onde um amigo era administrador e ele nos levou, com um velho trator, até ao local da pescaria , com a promessa que no outro dia, por volta das onze horas, voltaria para nos buscar.
Ficamos por nossa conta e risco, sem condução para qualquer emergência. Pescador que se preza lá liga pra isso?
Arrumamos a ¨traia¨, última revisão no bote e ¨se mandamos¨.
O tempo, que tempo...
Mas o tempo...aquelas núvens ao longe chegaram rápido; o toró ficou iminente e corremos em busca da proteção da margem do rio.Fizemos rápido um girau, recolhemos galhos sêcos para a futura gororóba, cobrimos tudo com uma lona e....¨se¨enfiamos lá em baixo. Ficou aquela escuridão, ainda de dia, a água caiu feia durante muito tempo. Quando parou, ja era noitinha.
Fizemos um arremedo de fogão, preparamos a ¨sustânça¨e fomos pegar os galhos para o fogo.
Quando o meu amigo iluminou em baixo do girau, estava lá, enrodilhada, uma cobra do tamanho do mundo, foi uma correria dos diabos....mas precisávamos dos galhos secos.
-Uai, disse o amigo, vamos perder pra jararáca?
-Pega lá um pedaço de pau, eu seguro a bicha contra o chão com o enxadão, você arrebenta a cabeça dela. Em tese...
Dito e feito....errei a paulada.
Não atingi nem cobra, nem enxadão e a cobra continuava segura.
Após os elogios de praxe, as referências à senhora minha mãe, trocamos as funções.
Segurei a cobra com o enxadão e fiquei com a lanterna que a iluminava.
Foi aquela cacetada....no enxadão.
Foi galho pra todos os lados e a cobra se soltou.
Então meu chapa, eu estava com a lanterna e com ela me mandei, deixando o meu amigo no escuro, com uma baita cobra solta e a escuridão em volta do girau.
Subi em um tijolo, foi o que achei, uai: com a lanterna eu vasculhava em minha volta.
Lá longe, no escuro, meu amigo gritava:
-Ilumina aqui, me dá a lanterna, seu filho da puta, a lanterna é minha.
Ta bom..
Bem, para finalizar, a cobra tinha feito companhia pra gente, em baixo do girau enquanto a chuva durou.
Fizemos o rango, jantamos e precisávamos dormir...no chão.
E a cobra? cadê a cobra?
Bem, pescador que se preza lá liga pra qualquer cobrinha, sio?
Personagem um : hamilton Britos
Personagem dois : Ailton Silva
Personagem três : a cobra
Personagem doi
Nenhum comentário:
Postar um comentário